terça-feira, julho 26, 2005

Ediberto leva headshots...


Alguns de certeza viram relatado em vários sítios, a morte do brazileiro em Londres.
Ora, estou a imaginar o filme todo à minha frente. Para alem de ter visto os pais do jovem a dizerem que ele era muito respeitador e nunca teria saltado por cima da cancela.

Ora, vamos lá ganhar alguma perspectiva: Inglaterra, para além da personalidade encantadora deste povo, passaram recentemente por dois atentados terroristas estando assim em alerta laranja. O Ediberto estava lá pelo meio de mochila às costas e quando viu a polícia decidiu dar de fuga.

OLÁ??? Lobotomia frontal foi? O que é que lhe deu para fugir? Há teorias:

Teoria 1: Ele não entendia bem o ingles, e pensou que "freeze!!" significava "Ó tu brazileiro, temos aqui centenas de homens armados à procura de vistos caducados!" e decidiu correr tendo medo de ser deportado.

Raciocinio: Ora, ele tava lá há tanto tempo que até o visto dele tinha caducado, e que tal aprender a lingua onde se pretende trabalhar hein? Faz lembrar certos e determinados grupos cá em Portugal....

Teoria 2: Ouviu no rádio que havia saldos na Zara e não quis perder um ùnico momento e começou a correr para apanhar aquelas sandálias que ele andava a galar há meses.

Raciocinio: Não houve, foi apenas outra teoria possível equiparada à primeira que tou farto de ouvir.

Após buscas à casa do Ediberto o governo inglês tal como a polícia pedem desculpas. Faz sentido, afinal ele não tinha bomba nem ligação à Alameda. No entanto é sempre curioso que o Ediberto vivia no mesmo sítio onde moravam os responsáveis pelos outros dois atentados.
Eu ponho-me no lugar do gajo que abriu fogo sobre um gajo com uma mochila que quando o viu começou a fugir. É mais que claro, que vou abrir fogo depois de lhe pedir para parar. Afinal de contas, ele pode ter ali uma bomba e estar a correr para o sítio onde dá mais jeito para a detonar. Pok Pok Pok!

Poucos minutos depois, a Manuela "tenho altos lábios e faço peelings" Moura Guedes anuncia a trágica história dos pais do Ediberto, e com razão. Quer dizer, já é azar que o único filho que não está no brazil, ONDE ELES CAEM QUE NEM MOSCAS, seja o gajo que morre. É algo irónico não acham? Claro que nesse dia o mais provável é outros 999 brasileiros terem morrido, mas apenas um obteve atenção. Triste...

Moral da história: Se não tens aspecto de muçulmano relaxa, porque não tão à tua procura Ediberto.

E continuando nesta onda de pensamento pergunto-vos uma coisa: Como será a primeira entrevista de emprego para um bombista suicída?

1 comentário:

Anónimo disse...

O presidente do Consejo General del Poder Judicial (Estado Espanhol), Francisco José Hernando, fazia há dois dias na Universidad Rey Don Juan Carlos as seguintes declarações (eu traduzo): “Como tenho vindo a argumentar muitas vezes, estamos perante a Terceira Guerra Mundial, que é a guerra contra o terrorismo; ora, numa guerra há que criar situações extremas, estando eu contra a pena de morte como é natural. Mas quando o risco que se pretende evitar é maior ou pode produzir a morte de inocentes, evitar o risco [em espanhol: la evitación del riesgo] parece-me oportuno”. Hernando comentava, específica e explicitamente, a recente morte do jovem brasileiro em Londres e a “política” do mata-primeiro-e-pergunta-depois. Estas declarações provocaram uma imediata e visível rejeição, tanto por parte da classe política (não toda) como por parte do colectivo de juízes (concretamente, dos sectores progressistas). Ontem, como seria de esperar, o magistrado voltou a intervir na praça pública, argumentando não terem sido bem compreendidas as suas palavras. O jovem brasileiro tão-pouco “foi bem compreendido”, mas já não pode fazer valer o direito a ser bem compreendido. Interessar-me-ia infinitamente mais poder ouvir o jovem abatido no metro de Londres, interessa-me bem menos as declarações do Francisco José Hernando. Mas elas entram-me em casa, são agressivas – entre muitas outras razões – pelo banais que são, pelo demasiado bem que se compreendem. O que primeiro chama a atenção é a astúcia e a premeditação das primeiras declarações, que antecipavam já as declarações que vieram apelar a ser “bem compreendido”. Note-se que as primeiras declarações incluem a afirmação “estando eu contra a pena de morte como é natural”. Nas segundas declarações, nas declarações de ontem, Hernando sublinhará especialmente aquela afirmação categórica, o que – palavras suas que novamente traduzo – “torna óbvio que não é admissível que causar uma morte possa ser utilizado como instrumento policial na luta contra o terrorismo”. Naturalmente contra a pena de morte, obviamente contra uma “política” anti-terrorista baseada no “shoot to kill”. A questão é: por que razão coloca na sintaxe das primeiras declarações o tema da “pena de morte” se, como viria a dizer, essa figura nada tem a ver com a morte no metro do jovem brasileiro? Mas há mais, muito mais. Como dizia o espanhol Espinosa, um homem tem o direito de ouvir outro homem, registar o que diz, para lhe poder resistir.
in blogcasmurro


* Traduzo as declarações do presidente do CGPJ a partir de notícias da Agencia EFE