Ainda estou para perceber qual a razão de muitas pessoas não se dignarem a ter um pouco de respeito pelos seus pares. Claro que já sabem ao que me refiro né?
Nas minhas aventuras sem fim na caixinha de surpresas que é o autocarro lá se dá com duas situações constantemente quando se ousa nele andar. Ora é o vagabundo com o cheiro nauseabundo, ora a mulher que parece que, sem querer ou de propósito entornou a garrafa de perfume por cima de todas as suas roupas. Mesmo se fosse um perfume bom, que nunca é, habitualmente sendo uma fragrância adquirida na loja do euro da esquina, o efeito é o mesmo do sovaco e outros odores corporais reunidos durante semanas ou até meses que tão gentilmente fazem o favor de permitir os outros utilizadores do autocarro experiênciar.
No entanto, o pior continua a ser a combinação dos dois, no meio destas duas criaturas é difícil não saborear um pouco de fluídos gástricos na boca. Quando me movimentei para abrir a janela apenas ouvi: “Oiça lá, está frio lá fora” ao qual imediatamente respondi: “ E cheira demasiado bem cá dentro, prefiro passar frio que lhe mostrar o que comi”. Aparentemente este argumento foi convincente e a senhora não protestou mais.
Claro que este pequeno gesto apenas funcionaria se todas as outras pessoas ajudassem, mas como se encontravam mais distanciados das duas personagens que proporcionavam um odor “diferente”, também não estiveram para indulgências...
Isto leva-me ao ponto fulcral deste post, a falta de senso comum e valores morais incutidos nas pessoas de qualquer geração em Portugal. Seja a subir escadas rolantes onde as pessoas param a meio, impossibilitando a passagem de alguém com mais pressa, seja à saída do metro ou do autocarro em que a prioridade nº1 é entrar e apenas depois ver se alguém sai.
Alguém que me explique isto. Seja metro, seja autocarro têm um espaço definido e limitado. Para além de depois de se esmifrarem para entrar, terão que forçosamente deixar as outras pessoas sair. “Tenho que entrar, senão ainda se vão embora sem mim!!!! “ E para concretizarem este objectivo lá se brinca às placagens nas entradas dos ditos transportes. Depois as mulherzinhas irritantes que tentam a carga de ombro a homens ou rapazes admiram-se muito quando ficam a olhar para o tecto. Enfim, pode ser que assim a mioleira comece a servir mais que para túnel de vento
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